quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

MEU SOBRINHO PARANORMAL


MEU SOBRINHO PARANORMAL (capítulo I)

Meu irmão mais velho, casou-se no início dos anos sessenta. Uns três anos depois, nasceu um menino. No total, tiveram sete filhos, sendo quatro meninas e três meninos.

Ele havia sonhado durante muitos anos, em ser padre. Mudou de idéia, quando se apaixonou. Continuou muito católico e era o funcionário padrão, da empresa onde trabalhou até se aposentar. Tinha o curso médio, que naquele tempo era chamado de científico.
Havia nutrido a esperança de se tornar advogado, estudando na faculdade de Ouro Preto, mas não conseguiu, por falta de lugar para se hospedar. Apesar de Mariana ficar pertinho de Ouro Preto, esse sonho tornou-se inviável.

No fim dos anos sessenta, nos mudamos para Belo Horizonte, e ele continuou morando em Mariana, dedicando-se exclusivamente aos filhos e esposa.

Minha cunhada, sempre nos visitava.
Numa de suas visitas, no início dos anos setenta, ela mostrou-se preocupada e disse que o filho mais velho estava estranho e precisava de um médico.

Em Julho, ele estava de férias, e ela o levou lá em casa, onde ele ficaria por uns quinze dias.
Foi muito divertido... ele mesmo não sabia o que estava acontecendo, e queria nos mostrar as coisas estranhas que ele já havia tentado, e conseguido fazer.

Nos reuniu na sala. Pediu para alguém tirar a toalha da mesa e colocar um copo de vidro, numa das extremidades. Ficou afastado dela, para ninguém duvidar da sua proeza.
Cruzou seus braços... olhou para o copo, e fechou os olhos.
Aquele copo foi se arrastando sozinho sobre a mesa, em velocidade alternada, até chegar na outra ponta.
Alguém gritou: o copo vai cair! Nesse momento, o copo parou e ele abriu os olhos.
Minha avó, de mãos cruzadas, exclamou: Valha-me Deus!

Então, ele nos levou até a porta, onde havia um vaso com folhagens grandes.
Disse assim: olhem para aquela folha ali... a folha curvou-se até se esbarrar no chão, depois levantou-se até se esbarrar na parede, depois, voltou ao normal.

Levou-nos até o portão e nos pediu silêncio. Esperou alguém passar no outro lado da rua, e disse assim: Querem ver uma coisa? Aquele rapaz, quando chegar na esquina, vai coçar a cabeça... ficar indeciso... e vai voltar, passando novamente por aqui.
Ficamos observando... aconteceu tudinho, o que ele falou.

Morávamos num bairro bem próximo do centro de Belo Horizonte. O povo da redondeza ficou sabendo dos feitos dele, e nossa casa passou a ficar cheia de gente, que queria de todo jeito, que ele lhes falasse sobre seu futuro.
Uma universidade particular, queria estudar a cabeça dele, e para isso, ele teria que permanecer na capital.

Continua...







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MEU SOBRINHO PARANORMAL


MEU SOBRINHO PARANORMAL (Capítulo II)

Ele, por educação, atendia àquelas pessoas, chamando-as num cantinho da casa, para garantir a privacidade da situação. Era esquisito ve-lo agindo como uma pessoa adulta... vivida...
Aquele menino de pouco mais de sete anos de idade, franzino... magrelinho, mesmo. Moreno, cabelos lisos e muito pretos... jeitinho do interior. (fazia-me lembrar o Mogli do desenho animado).

Ele não aceitava dinheiro de ninguém. Aquelas mesmas pessoas voltavam, dizendo que a profecia dele havia se concretizado, e com mais ansiedade ainda, queriam ser atendidas novamente.
Isso tudo, num espaço de poucos dias. Cada um, queria leva-lo aqui e ali, para mostra-lo em ambientes maiores.
Eu mesma, levei-o no meu trabalho. O meu patrão, o brilhante contador, Jarbas Estrella, ficou maravilhado... juntamente com os demais funcionários.

Num dia, ele me viu com um jornal rasgado na mão, e pediu para eu escolher algum texto, porque mesmo numa distancia de uns dois metros à minha frente, ele leria em voz alta, aquele artigo.
Eu escolhi um, cujo rasgado impedia a leitura das últimas palavras, em várias linhas.
Ele ia lendo corretamente, até chegar no rasgado. Aí ele soletrava a palavra incompleta, acertando até a última letra.

A mãe dele era muito calma e simples. Olhava tudo, com um leve sorriso no rosto, mas sem entusiasmo... e com uma pontinha de medo.
Não vou relatar tudo que ele fez, porque esse texto ficaria muito grande.

Ele não aceitou as propostas que a universidade teria, para estuda-lo.
Os dias foram se passando, e ele começou sentindo a necessidade de ficar só por alguns minutos.
À tarde, quando o procurávamos, ele havia ido para o outro quarteirão, onde havia vários pés de eucalipto, para ali, se descansar.

Continua...




2 COMENTÁRIOS:

Virgínia Allan disse...

Amapola, querida, estou curiosissima... Beijo

Silvana Nunes .'. disse...

Estou curiosa para saber como vai acabar essa história.
Beijo

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MEU SOBRINHO PARANORMAL


MEU SOBRINHO PARANORMAL (capítulo III)

Numa tarde, ele voltou de lá, correndo... assustado!
Contou-nos que estava distraído, quando, de repente, apareceu diante dele um cachorro de tamanho normal, que foi crescendo... crescendo... até virar um monstro, quase do tamanho do pé de eucalipto. Ele disse que, tremendo de medo, abraçou-se ao tronco, e foi virando para o outro lado, para depois, correr.

Já cansado de tanto assédio, somado agora, com a visão desse monstro, ele decidiu que iria embora junto com a sua mãe, que veio para ficar oito dias.
Dessa forma, dois dias depois, eles estariam de volta.
No lote dos eucaliptos, ele não voltou.

Ficamos curiosas para saber como tudo havia começado.
Ele nos contou, que numa tarde, ao debruçar-se na janela da sua casa, ele olhou para o céu. Lá bem no alto, ele viu uma cruz bem grande, com Jesus crucificado. Mas não parecia escultura, era como se o corpo dele, fosse de carne e osso, e como se Cristo acabasse de morrer, naquele momento.

Aí, dos pés da cruz, descia uma fonte de brilhantes brancos, que iam em direção à janela, caindo dentro da sala. Com as duas mãos, ele pegava os brilhantes no ar... mas eram tantos, que ele não sabia o que fazer.

Nesse momento, meu irmão chegou na sala. Ao ve-lo com a expressão maravilhada, e fazendo movimentos com as mãos, ele chamou a minha cunhada, dizendo que precisavam leva-lo ao médico.

Continua...

1 COMENTÁRIOS:

Nova Civilização disse...

Olá Ampola,

obrigada pelas palavras sobre Santa Teresa. Realmente um testemunho para todos nós de amor ao próximo,

beijinhos,

Gisele

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MEU SOBRINHO PARANORMAL


MEU SOBRINHO PARANORMAL (Capítulo IV)

Ele continuou relatando que:
Uns dez dias depois, à tarde, quando ele jogava baralhos com seu pai, percebeu que estava vendo todas as cartas que ele tinha nas mãos. Nesse dia, ele ganhou todas as partidas.
Ao terminar, abriu o jogo, contando o que tinha acontecido.
Seus pais resolveram, que deveriam leva-lo, para o padre benzer.

Pouco tempo depois, era dia de prova na escola. Ele disse que a professora estava com uma folha de papel na mão, constando todas as respostas.
Ele ficou na dúvida se aproveitaria da situação ou não. Depois, decidiu deixar algumas questões sem resposta, para não ficar com a consciência pesada.
Foi assim que tudo começou.

Enquanto ele falava, sua mãe, sentada no sofá, permanecia calada... no seu rosto, a expressão de calma... vez ou outra, com um sorriso pouco, demonstrava-se cansada.
Com a espontaneidade de criança, que era, de vez em quando, ele deixava alguém desconsertado, quando dizia assim: Oh... eu sei o que você está pensando...
Eles foram embora.

Minha cunhada nunca deixou de nos visitar, mas os problemas de casa, ela omitia todos, para não importunar a minha mãe.

Poucos anos depois, eles todos foram lá em casa. O menino mais novo, já havia apresentado um problema de retardamento mental. Não houve médico que desse jeito. Ele era atencioso...amoroso... mas os pais já sabiam que ele nunca seria independente. Isso os preocupava muito.

Dessa vez, meu sobrinho havia decidido por uma pedra em cima dos "poderes", e todos respeitaram isso, não fazendo muitas perguntas. Era como se ele os tivesse perdido.

Mesmo assim, num momento em que a sua mãe estava no banho, ele entrou na sala e disse assim: Vó... sabe o que eu acabei de ver? Vi que no futuro, eu é que vou cuidar do meu irmão, porque pai e mãe já vão estar mortos.
Minha mãe falou assustada: Não diga uma bobagem destas, meu filho...
Aí ele respondeu: Mas até lá, eu já serei adulto.

Continua...



1 COMENTÁRIOS:

Juliana Galante disse...

QUERIDA QUANDO TIVER UM TEMPINHO DA UMA OLHADINHA NISSO: http://fluircorpoemente.blogspot.com/
BEIJO GRANDE

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MEU SOBRINHO PARANORMAL


MEU SOBRINHO PARANORMAL (capítulo V e último)

O tempo foi se passando...
Num dia, minha cunhada disse que seus filhos haviam se tornado rebeldes, e ela não sabia mais o que fazer. Desanimada, comentou sobre a paranormalidade do mais velho, dizendo que aquilo, parecia coisa do mal. Eles eram adolescentes e todos pareciam ter enlouquecido de vez...

Meu irmão, extremamente católico, rezava e assistia a missa todos os dias.Viu sua família inteira sair do seu contrôle, deixando-o decepcionado com a vida.
Ele não gostava de visitas, queria viver somente cercado pelos filhos e sua esposa.

O curioso, é que isto é uma característica de quase todos os meus irmãos homens. À medida que iam se casando, era como se enterrassem o passado, colocando uma pedra sobre nós.

Demorava tanto para nos vermos, que, quando isso acontecia, era até engraçado.
Eu nunca deixei de ama-los, apesar da esquisitisse e do descaso conosco.

Meu sobrinho que, não fazia nada para provocar os seus poderes, passou a ter que suporta-los, toda vez que eles se manifestavam de forma aleatória, incoveniente e assustadora.

Certa vez, no trabalho, ele conversava com seus colegas, no quarto do alojamento.De repente, a vidraça se explodiu. Outras vezes, eram pedradas nas janelas, que deixavam todos muito assustados. Esses fatos repetitivos iam afastando as pessoas dele.

Ele saiu da empresa e se tornou autônomo.
Aquele fantasma do cachorro, o incomodou várias vezes, lá no interior. Outros fantasmas também surgiram.

Conquistar mulher bonita, nunca foi problema pra ele; porém, quando estava namorando, coisas terríveis aconteciam, obrigando-o à contar a sua história, que até naquele momento, ele havia omitido.

Num dia, ele namorava dentro do carro, quando os dois ouviram o toca fitas ligar sozinho.Depois, o barulho da fita sendo colocada no aparelho... logo em seguida, ouviram uma música inteirinha, que foi sucesso na voz de uma cantora famosa, que se destacou nos anos setenta.

Meu irmão ficou diabético e minha querida cunhada, cuidou dele com o maior carinho. Depois, ela apresentou problemas no coração. Fez alguns tratamentos, mas ao ficar diabética também, logo morreu.

Meu irmão, além de doente, continuou enfrentando os desafios familiares, sozinho, e dessa vez, mais fragilizado ainda, porque havia perdido a sua amada.

Aquele senhor viúvo, pai de sete filhos, era um homem inocente em vários aspectos. Não estava preparado, para a evolução daqueles dias sofridos.
Quando a doença se agravou, nós nem ficamos sabendo. Havia um sigilo misterioso, esquisito...
Meu irmão morreu, e nós só fomos saber, quase um mês depois.

Quando os filhos homens vieram nos avisar, ficamos sabendo também, que meu irmão havia sido surrado pelas filhas, pouco antes da doença se agravar. Aí ele foi internado no hospital da cidade, onde nem chegou a esquentar o lugar.
Depois, as brigas dos irmãos foi tanta, que cada um, foi pro seu canto.
Meu sobrinho ficou cuidando daquele irmão, assim como ele havia previsto, lá... no passado.

Vez ou outra ele vem nos visitar, mas vem como um cometa, deixando apenas o seu rastro.

SE PARA BOM ENTENDEDOR
POUCAS PALAVRAS BASTAM
ELE FOGE DE SI MESMO
CORRENDO DOS FANTASMAS AFINS
NÃO SE PRIVANDO DOS RECURSOS
QUE HÁ MUITO VIRARAM MODA, E FIM.

22/01/2010






8

Amapola disse...

AH... havia me esquecido de dizer:
Meu sobrinho, parece um lobo solitário.

Virgínia Allan disse...

Amapola, era para o teu sobrinho trabalhar toda esta força afim de ajudar a outros, para isso ele foi escolhido, não é todo mundo que pode dispor de tanta força interior. É uma pena que tudo tenha acabado assim. Poderia ter lhe valido tanto, mas a verdade é que, talvez, não estejamos preparados para lidar com algo, ao nosso ver, ainda tão desconcertante. Beijo, querida

Silvana Nunes .'. disse...

Caramba, Amapola. É uma pena que tenha tido um final desses.
Beijo grande.

Zé Carlos disse...

Oi minha menina, triste sua história familiar....

Deus te conforte!!! Beijão do ZC

Juliana Galante disse...

Ainda não consegui vir ler tudo que quero e preciso, sim, ler o que vc escreve é preciso... Mas na minha correria de hoje eu precisava no minimo vir te contar o quanto vc tem sido importante nos meus dias... vc não pode imaginar o quanto...
Obrigada por entrar na minha vida assim...desse seu jeitinho tão especial
um beijo enorme da Ju

Silvana Nunes .'. disse...

Ontem eu passei pelo seu estado.
FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... deseja um BOM DIA !
Saudações Florestais !

Zé Carlos disse...

Maria, pq vc não responde ao meu e-mail? Estou aguardando.... Beijosssssssss ZC

Zé Carlos disse...

Maria, eu gosto de tal maneira dos seus comentários tão balizados, coerentes, bem escritos e lindos, que uma hora vou fazer uma coletânea deles e montar um post só seu!!!!

Vc é um encanto. joseccm@terra.com.br

Bjs do Zé Carlos

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