terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

MOMENTO FANTÁSTICO

MEMÓRIAS (MOMENTO FANTÁSTICO)




MOMENTO FANTÁSTICO


Em 1980, eu estava sozinha no quarto do pensionato onde morava. Era no centro de Belo Horizonte.
As minhas colegas haviam saído; umas para a escola, outras pra namorar. Esse tipo de moradia pode também ser chamado de exílio familiar. Ali não tinha TV, nem rádio. A nossa distração era conversar. Cada uma contava as suas mazelas.

Vendo-me sozinha, resolvi ir num templo Kardecista, que fica no bairro Floresta. Fui a pé, porque não tinha dinheiro pra condução.

Quando atravessava a praça sete, começou a chover fininho e foi aumentando. Eu continuei caminhando debaixo da chuva, porque queria assistir aquela palestra linda, onde só se prega o bem. Lá, fala-se muito sobre a lei de causa e efeito, e o ponto principal é a caridade.
Eles não só falam em Jesus, mas eles praticam Jesus.

Cheguei ali com a roupa colada no corpo, os cabelos escorrendo água, e meus sapatos de salto, encharcados.

Às dezenove horas, uma música clássica começou a tocar baixinho, enquanto o povo chegava. Ficou lotado. Depois, um coral masculino começou a cantar, intercalando com um coral feminino. Cantavam baixo, uma linda melodia.

Ao terminarem, o palestrante rezou o Pai Nosso. Em seguida, falou para nos concentrarmos nos nossos problemas específicos. Nesse momento eu decidi não pensar em nada, porque eram tantos problemas, que eu não saberia escolher um. Preferi deixar Deus em paz!

Fiquei tão tranquila, que não sentia o desconforto daquela roupa molhada, nem de nada! Uma senhora muito gentil aproximou-se e me perguntou se eu queria tomar "passe". Entrei numa sala comprida, quase totalmente escura, e sentei-me.

Um senhor chegou de mansinho e disse com ternura: __Pense em Jesus!
Eu não cheguei a pensar, porque quando ele aproximou as suas mãos da minha cabeça, fazendo com elas, um leve movimento para baixo, eu vi circundando todos os seus dedos, uma luz neon, azul claro.

Era possível! Eu estava vendo a aura daquele servo de Deus. No primeiro instante eu não acreditei que estava realmente vendo uma coisa da qual se falava muito, nas revistas e na televisão.

Arregalei meus olhos, e aquela luz maravilhosa continuava ali, na minha frente.
Aquilo durou tantos minutos, que eu tive tempo de me lembrar do trecho de uma música do Gilberto Gil, que diz assim:

"MINHA AURA CLARA, SÓ QUEM É CLARIVIDENTE PODE VER... PODE VER..."

Então, eu tomei consciência de que se aquela luz estava visível pra mim, era porque naquele momento, eu estava acima da matéria! Era porque eu estava clarividente, assim como dizia a música.

Quando eu me senti "a tal", aquela luz se apagou para os meus olhos!

09/02/2005

(No dia seguinte eu telefonei pra lá, descrevendo aquele senhor, e perguntando qual era o seu nome. Me disseram que ele se chamava Jarbas. A minha intenção era procura-lo para relatar o fato. Porém, a vida corrida deixou o tempo passar tanto, que, em 2008 eu fui lá, mas me informaram que ele havia partido, em 2007)